domingo, 15 de novembro de 2009

A beleza de não caber em si

É tudo mais bonito quando o frio na barriga é constante. É sempre lindo poder guardar a ansiedade do momento a seguir...
Hoje minhas angústias políticas todas voltaram a tomar conta de mim. Um pedaço adormecido de tudo o que eu já fui me esbofeteou a cara e eu reagi. Não sei o que será pra frente, mas sei que não caibo mais em mim.

Extrapolei os limites do meu corpo, minhas mãos não são mais suficientes para o que pretendo realizar. Preciso de outras junto comigo, ou preciso estar junto a outras. Toda a poesia que me enche e sempre me encheu ainda está aqui. Cheia de si, cheia de mim e cheia de outros como nunca esteve.

Se pretende doce sem enjoar. Se faz coerente e dissonante como o que sou. ´Pedaço corpo, pedaço sonho e tudo movimento. Me movimento dormindo, porque não faço tudo o que preciso acordada.

Não caibo em mim.

sábado, 14 de novembro de 2009

Pra quê título?

Um dia, o dia eem que eu resolvesse ser uma menina da minha idade tinha que chegar. Essa semana ele chegou e durou dois dias... Haahahaha. Foi lindo, maravilhoso, tudo de bom ter 19 anos e não pensar em nada. Agora já voltei aos 65 anos habituais.
No meio da correria de redação, estágio, produção de festival, stress - intervalo: beijo na boca, sexo- redação, estágio, produção de festival. EBA! O Festival acabou! Foi um sucesso, foi lindo, mas só preciso de outra dose an que vem. Adorei ver os filmes da galerinha, conhecer gente nova, e poder relaxar depois de cada dia do festival (rs).
Acho que vou criar outro blog.
Pra poder falar das coisas que eu ando fazendo. Esse daqui é muito sentimental, aí eu sempre acho que tô escrevendo no lugar errado.


Bejos, babes.

domingo, 6 de setembro de 2009

A volta das palavras (ou outro nome mais óbvio).

De repente eu decidi não mais escrever. Perceber o quão romântica esse hábito de colocar em palavras todas as coisas me tornava foi angusitante demais. Mas não consegui passar muito tempo sem isso. Não escrever me deixou pensativa demais. Não que as palavras que eu deixasse pelos cantos fossem mesmo um desabafo, (nem minhas elas pareciam) mas eram o reflexo ou o sonho de alguma coisa que tinha algum pedaço de mim.

E não escrever foi me deixando sem pedaços, e sem pedaços não se pode ser inteira. Mas isso eu ainda me pretendia ser. E fui. Nas palavras que escorriam na minha inteirisse não pude encontrar nada. Elas já não às mãos e, em protesto, resolveram não mais virem à boca também. Entendi que quiseram me mostrar como se sentiam por não serem extravazadas e presenteadas por aí, sem nenhum motivo inevitável.

Mas tornaram inevitável meu retorno a elas. Comecei a engasgar com as palavras, mas as engolia toda vez. Dentro da minha barriga, elas me causavam dores que me impediam a respiração. As malditas palavras ausentes de mim, fizeram meu silêncio amargo e sem modos não conseguir se explicar a ninguém. Foi assim, que resolvi, num exercício de bulimia palavrial, vomitá-las todas, para que livres, elas me deixassem ser eu novamente.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Cada palavra dita tinha sido escrita para o juízo final. Foi então que eu resolvi: De nada valeu ter juízo, afinal. Joguei longe os conselhos de pano de chão, foram pelo ralo as mentiras rastejantes. E em meu véu de dama delirante, se abriram buracos de teia meretriz.

domingo, 12 de julho de 2009

"Não lembro de nada direito. Só sei que tinha um sax, dois ou três cigarros na carteira e um acompanhante que também não lembro o rosto.
Música boa, conversa boa e cigarro acabando. Desculpa muito boa pra levar qualquer um pra minha casa. Devo dizer que tem ficado cada dia maís fácil enrolar esses meninos de hoje em dia. Sou uma mulher solteira de 35 anos muito bonita, modéstia à parte, e rica.
Esses meninos só conseguem enxergar isso pela frente. Uma noite paga, uma trepada boa e história pra contar de manhã. O sax quem ouvia era só eu mesmo. Acho que os hormônios da juventude masculina diluem o bom gosto musical. Não é geral, não se ofendam, meninos, mas foi assim.
Eu cantarolando meus antigos jazz e ele se sacudindo na mesa ao som do sertanejo que tocava no bar da frente. Cansei. Incompatibilidade de gênios. Desisti da desculpa boa pra levar um molecote pra casa. Resolvi ir sozinha mesmo. Já fiz isso tantas vezes que uma a mais ou a menos, não faria muita diferença. A surpresa foi na saída do restaurante.
Achei de onde vinha o tal do jazz. Das mãos perfeitas e do sopro forte do saxofonista mais lindo que eu já tinha visto nos bares dessa cidade. Já o tinha visto outras vezes, mas naquele dia, a coisa tava diferente. A música tocava dentro dele de uma maneira quase obscena.
Dispensei o molecote e resolvi ficar ali até aquele deus terminar seu ritual. Apaixonei. Eu sei que alguma linha da psicologia pode me dizer que o fator-paixão foi o sax na mão dele, e pode até ser verdade, mas o que mais me encantou foi o sopro mesmo e aqueles olhos fechados esperando a música sair de dentro de si e entrar, ao mesmo tempo, ali na minha frente.
E ele me viu. Todo mundo viu.
No intervalo ele veio até mim, pediu um cigarro (menos um agora, desculpa cada vez melhor pra ir pra casa), e deu um sorriso que os homens só dão quando sabem que são gostosos. Ele era.
Veio com uma conversa mole de já ter me visto, conhecia meu gosto musical e eu não ouvia nada. So olhava pras mãos, pros olhos, pra ele no estado mudo. O único som que eu permitia pra ele era o jazz. Coitado!
Foi pra minha casa, ganhou uns beijinhos, e quando tudo parecia caminhar para onde eu queria, recebi lágrimas. O homem chorava um choro difícil de decifrar, e abraçava e chorava, me beijava e não parava de chorar. Dentro em pouco, eu já chorava também. Não sei se por solidariedade às lágrimas dele, mas chorava, e a cada lágrima aumentava a paixão que começou no bar.
Loucura total, coisa de criança ou de maluco, mas eu gostei.
E foi meio sem jeito, meio molhado, meio lacrimejante que ele escreveu em minha pele sua música, fui seu ritmo, sua partitura, seu sax.
Fui."



Música de hoje: Seven Day Fool - Etta James

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Natureza.

O gosto era de pele jovem, antiga, mas jovem. Os olhos eram meio assim, curiosos... Apagadinhos curiosos que tentavam disfarçar não me achar criança demais praqueles momentos, mas tudo isso eu conseguia ignorar.
Das palavras arrogantes às que se prentendiam sensuais, todas elas tomavam meus ouvidos e meus olhos sem que eu nada pudesse fazer. E me rendi. Foi uma rendição medrosa, confesso. Mas uma rendição.
Som de coração batendo e de risada fácil, era tudo o que eu ouvia por trás da porta dele. Uma porta entreaberta que parecia querer me atrair como o doce a uma criança. Analogia fraca, no entanto esclarecedora sobre o que me ocorreu.
Do meio do mato que era eu, se ouviam passos. Do meio do nada que me parecia o outro, eu sentia gargalhadas. Daquelas bem bonachonas, sabe? é... de tudo que eu já aprendi a fazer, me fazer de morta foi o mais útil e mais difícil com essa natureza que ganhei de alguém.
Minha natureza viva transbordando pra dentro de mim.
Uma natureza quase viva ou meio morta querendo sair por dentro de mim... Mas ainda assim uma natureza. Mas ela era pra dois. Pra uma e pra algum outro. Um outro qualquer, um outro rotativo, ou outro perene, mas um outro.
Requisito? Sei lá... anti-natureza morta deve bastar.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Espectadora de mim

Eu estive naquele espaço por muito tempo, antes de me dar conta de que havia olhos sobre mim. Nunca pensei em esconder meus sentimentos nem meus desejos. Eu não estava acostumada. Nem ele. Mas eram faltas de costumes diferentes. Uma mostrava tudo demais, o outro, sentia tudo tão profundamente, que era difícil deixar qualquer coisa na superfície.
Mas se entendiam. O toque era a comunicação perfeita para aqueles que, mesmo dominando bem as palavras, não sabiam usá-las pra falar de si. E eu estava naquele espaço.
Sendo espectadora da minha própria existência. Ansiosa por nela atuar, mas desejando mesmo ficar apenas assistindo e torcendo pra que a vida fosse boa, afinal. E era.
Vida vivida e sentida sempre por meio de olhares. Os voluptuosos sempre foram os melhores. Sentir o calor saindo da carne ao mesmo tempo que a alma tentava fugir, era extasiante. Imaginar o que aconteceria no contato dos corpos era a melhor ousadia. (Se apenas com olhares o incêndio começara, imagino eu como seria com os corpos).
Nem com toda imaginação possível, alguém conseguiria projetar como eram belos os pensamentos na minha mente sobre uma noite de amor com aquele rapaz. Talvez nem a minha imaginação desse conta de captar todos os seus anseios.
Eu só sabia que a cada toque que recebia de suas mãos, minha alma saltava assustada, querendo tocá-lo. E era esse o meu arrepio. Era a fuga da minha alma, a se encontrar com o pedacinho que ele se permitia dividir.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Sinestesia

A distância diminuiu. Na verdade, acabou. Tudo o que se fazia ou se pretendia distante, foi, por um momento, pura aproximação. Foi quase simbiose de si e de outro.
A beleza do medo... Ah, a beleza do frio na barriga. Coisa bonita de ver e gostosa de sentir quando, mesmo no entre as correrias da vida, há o que se dizer, com palavras ou não, que seja belo para aqueles que queremos bem.

Por isso...

Recolho-me à sombra que vem de nossa luz
E te vejo melhor
Escondo-me entre os trechos de palavras sussurradas
E me ouço mais
Sinto cada detalhe do toque, cada cheiro
Como se fosse alma minha distribuída em outros poros
Perdi-me?

Acho que me encontrei por algum momento
No silêncio calmo e covarde do não dizer coisas belas
E foi lá que te encontrei
Numa casca feita por gente amada mas que não amou
Por gente amiga, mas que nã0 enxergaria nunca
Que entre uma cerveja à noite, e o sorriso de bom dia
Há um precipício que de segurança só tem o travesseiro

Fingi não pensar em amor quase em todos os momentos
Atuei, fingi, enganei.
Mas foi um engano daquele gostoso, sabe?
Que a gente gosta de enganar e outro gosta também
Gosta de ser enganado, gosta de acreditar
E eu acredito
Acredito em todas as mentiras doces de ouvir
Em toda inverdade que me arranque um sorriso
Desde que elas venham, calmas e diretas
Como pretensas verdades.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Querer bem de longe.

A distância é o termômetro fiel do bem querer.
Saudade a gente sente de quase tudo nessa vida. A saudade não depende de estar longe. Por vezes, penso que sentimos saudade porque gostamos da falta que as coisas fazem ou deveriam fazer. Quantas vezes temos oportunidade de ir atrás daquele alguém que nos falta, e por qualquer motivo ou motivo nenhum, não o fazemos! Só pra ter do que sentir saudades, ou pra poder falar: "Nossa, quanto tempo!"
Mas tudo muda com a distância. Ela nos dá um motivo real pra não poder ligar, não poder ver, não poder chamar. Faz com que nos sintamos os menos providos de amor, os mais carentes. É com a distância que a saudade é autêntica.
É na saudade que os olhos dos amantes ficam ainda mais belos, as palavras ditas são então repetidas inúmeras vezes na memória, e a cada vez que são repetidas, se tornam ainda mais belas.
A essência do romance é a saudade.
Não é à toa que os poetas, doentes de um romantismo crônico, sempre escolhem a saudade, em algum momento da vida, pra ser alvo de seus versos.
E eu sinto saudade. Hoje sei que o querer bem é grande.

Isso é um problema a ser resolvido.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Intervalo

Escreverei meu lume de outras terras por esses dias...
Viajarei... Vou respirar ar novo longe dessa ilha.
Vou pra sentir saudade, pra ver gente amada e pra querer amar a gente que vejo sempre.
Vou ver nascer um lume novo na crista cinza dos dias...
Nascerei eu de novo, como faço sempre que amanheço.
Quero amanhecer mais, quero me fazer mais quero mais ser feita
Ver o riso na graça perfeita que tantos vêem na minha cara
Ver a tara na raça eleita pelo meu corpo que tanto se cala
Quero verbo.
Quero tempo, ação, adjetivos absortos nas palavras quentes e indecentes que você só fala baixinho
Quero que você grite.
Mas... grita sem machucar?
É que eu tenho um palpite: os gritos que se gritam ao pé do ouvido
São levados mais cedo pelo ar
Então vem e grita dentro de mim
Quem sabe assim o vento não queira te levar.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Problema seu

"Chegou a hora de parar e eu parei.
Parei até segunda ordem. Até que alguém saia dessa letargia insana e irrelevante e resolva me convencer, então, de que vale a pena.
Cansei de vias de mão única. Cansei de ser a minha a mão única. Tenho muito sono, pouco dinheiro e muitos sonhos a realizar. Tanta coisa pra fazer por mim e tanta gente pra fazer feliz. Não posso me dar ao luxo de estacionar na letargia delirante de gente que não tem amor nem por si.
Não amo sozinha, não amo quem não se ama.
De dentro das casas-problemas onde guardamos os traumas, as sensações e os medos, saem também as determinações de mudança. E para mudar, o mínimo que se tem que fazer é querer. Tenho já pesada bagagem de problemas, problemas meus. Por um momento quis ignorar, ou relevar isso, nem que fosse pra ajudar o tal do outro a também carregar seus problemas.

Xadrez, damas, pingue-pongue, tudo mostra que dupla é sempre melhor que solo. E eu quis carregar malas e problemas em dupla. Hoje já não sei.
Pode ser que um sorriso diferente, uma confissão na calada da noite, uma refeição compartilhada me façam logo mudar de ideia. Mas realmente não sei mais.

Quero que tudo se prove errado e amanhã não acredite mais em nenhuma palavra dessas. Mas ao fraco que se esconde dos próprios sentimentos, só posso dizer que "Você pra mim é problema seu." E tem mesmo que ser.
Problema seu
problema seu
problema seu
Problema só
Problema sem mim
Problema que me dói
Problema que quero por perto
Problema seu
Problema só seu
Problema nosso...

Trate de ser problema seu. Ou vem logo aqui pra gente se ajudar... Ninguém é problema apenas de si mesmo... Eu sei e tu também."

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Joana d'Água

De todos os lugares aos quais tinha viajado, Joana não se lembrava de nenhum que fosse tão emocionante quanto a viagem da noite anterior.
Ela caminhara por ruas molhadas de história. Lembranças, tragédias silêncios e água. Lágrimas, saliva, suor e todas as águas que haviam naquele lugar.
Joana viajou pra dentro de si. Conheceu o calor de seu corpo e o frio da mente. A inquietação de seu espírito nunca havia lhe dito tanto quanto na noite anterior.
Um sono cheio de sonhos. Bons, de saudade, de medo. Sonhos de água, água dela. Já não sabia acordar.
Na corrida nas ruas molhadas, saiu da carne quente de Joana, o suor frio da noite. E ela se viu só. Se fez lágrimas. Virou água. E escorreu pelas ruas dos seus sonhos, sendo a água-história que ela queria viver.


Escrito em 27/05/2009.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Cúmplice.

Eu queria contar das coisas bonitas que têm me acontecido. Dos sorrisos que recebi, das lágrimas que dividiram comigo, do carinho, da sinceridade inocente e cúmplice. Ah, cumplicidade. Coisa bonita de ter e sentir, viu? Nós precisamos ser mais cúmplices, porque quando o somos, parece que o mundo todo vai embora e nada mais faz falta, porque o cúmplice tá ali.
O tal do cúmplice pode ser um amigo, um parente, um amor novo que chega, um amor velho que volta, mas ele precisa de uma coisa apenas: Sinceridade nos olhos, ainda que esses não enxerguem muito bem. E de tato.
Cumplicidade sem toque não existe.
Se o cúmplice for alguém desejado, amado, confunda, sempre que der, o seu corpo com o dele, pra no momento de não saber quem é quem, poder querer bem ao outro como se quer a si. Confundir é bem menos complexo e sexual do que muita gente pensa, é se entregar de verdade num abraço, manter as mãos unidas por momentos únicos, ainda que curtos. Ligar-se ao outro simplesmente pelo olhar.
E sentir que as lágrimas que saem daqui ou de lá, são todas suas.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

O som de Ana.

Continuando a onda de coisas com personagens...

Aninha era uma menina que queria conhecer a vida em sua plenitude.
Queria entender dos mistérios dos homens, dos animais, do sagrado, de tudo. Enchia-se de vida por todo espaço que pudesse encontrar e nunca aprendeu a distinção humana entre o belo e o feio.
De certo modo, essas separações não faziam sentido para ela. Ela adorava assistir partos de animais, ver acidentes ou simplesmente frutas caindo do pé. Abria tudo que encontrava pelo caminho com o intuito mais belo e infantil de ver como as coisas são por dentro.
Ana não usava as palavras da mesma maneira que nós.
Quando perguntavam porque ela abria as coisas ela dizia :" Quero ver como é de verdade." A família dela nunca questionou, censurou nem tampouco incentivou os hábitos desbravadores da menina.
Ana não tinha muitos amigos. Sua vontade de entender tudo demais à sua maneira exótica sempre afastou as crianças da sua idade. Quando seus coleguinhas estavam descobrindo as diferenças de sexo entre garotos e garotas, ela estava abrindo animais para confirmar as lendas de cegonha.
Ana se enchia de vida. Engolia toda a vida que pudesse encontrar e depois vomitava. "Quero ver como é de verdade."
Ana foi crescendo e percebeu que saber demais sobre a vida tinha lhe custado viver dela muito pouco junto com as outras pessoas.
Ana resolver pesquisar outro setor de vida que não era fisiológico, ao menos a princípio.
Resolveu lidar com as pessoas da sua idade.
À essa altura ela já estava com 16 anos e era o protótipo perfeito da esquisitisse. Usava óculos, não andava na moda, era corcunda e não via motivos que a animassem pra conversar com seus contemporâneos.
A vida a que ela se acostumara era viva demais. Banalidades, embora fossem parte da vida, pareciam com pouco encanto para ela. Algo não digno de ser dissecado.
Mas aquele grupo, banal, por certo, Ana não conseguiu ignorar. Havia vida neles, uma vez que se locomoviam... E ela resolveu dissecar...

Nessa vida locomotiva que ela assistia, o barulho de "piuí" não era nada poético como as Marias-fumaça. Era um piuí tecnotrancedancehiphop era um chiado barulhento e mudo de essência. Era barulho.

Dissecou, dissecou, dissecou... Alguns ela até quis dissecar literalmente, mas Ana era esquisita e não doida.
E dissecando foi, até descobrir que o que faltava naqueles que a cercavam era som.
Um som que significasse, um som que musicasse, um som que dissesse algo que não fosse apenas sensível, mas inteligível. Um som que não falasse língua nenhuma, mas que falasse todas. Um som que fosse como ela era. Um som que inspirasse as pessoas a querer ver de verdade.

domingo, 17 de maio de 2009

A louca.

"O bom de se decepcionar com as pessoas, é que depois que você se livra delas, elas se mostram bem piores do que antes, dando espaço para aquele: "Ai, que alívo!" que todo mundo merece.
Não que eu ache bom que outra pessoa seja feita de trouxa no meu lugar, mas é que realmente, ter saído da merda a tempo de me recuperar, foi o melhor presente de Deus pra minha vida.

Quanto à querida que fica perdendo seu tempo e gastando energia super preocupada se eu quero seu namoradinho, vai a dica: Sai do meu pé, bonitinha... Se valoriza! Passa uma maquiagem legal, vai ler um livro, trabalhar, ou então passa mais tempo perto dele pra saber o que ele anda fazendo...

Beijos,
Mary Jane revoltada."



Adoro esses lapsos de antigamente, Resolvi postar.





Ai que saco... chega de romantiquezas.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Mar nos olhos.

"This time we'll take it slow"... Coisa linda de John Legend... quem quiser pode até ouvir aqui na minha playlist...
Sermos pessoas ordinárias, naquele sentindo primeiro de ordinário: dentro da ordem, comuns, normais. Como é difícil! Reconhecer que é hora de ir devagar, calma nos passos, calma na mente, calma nas pessoas... Reconhecer que não sabemos que caminho tomar.
Face às dificuldades que sempre se apresentam, a melhor saída me parece ser nos reconhecermos na falta de detalhes que nos tornem pessoas muito melhores que as outras... Diante disso...



Maria sabia de tudo. Ela sempre sabia o que esperar das pessoas, das coisas da meteorologia, de tudo. Os dias da semana passavam sem graça, as aulas eram todas aquém da inteligência dela, os homens eram muito iguais e as mulheres também.
Maria não tinha nada de normal.
Talvez pelo seu ar arrogante e superior, muitos homens se sentissem atraídos por ela, mas ela não se atraía por nenhum. No máximo um romance antigo da infância, mas esses não contavam já que eram da época em que ela ainda não sabia de tudo.

Um dia, o menino mais apagadinho da escola, João, presenteou Maria com um embrulho pequeno e disse a ela: "Duvido que você conheça esse presente que eu tô te dando."
A menina ficou quase irritada com a ousadia do rapaz em discordar do poder dela de saber de todas as coisas. A ousadia do rapaz foi tanta, que ele ainda esperou, com um sorrisinho no rosto, para ver quais seriam os palpites da moça.

O simples fato de uma pessoa tão apagada se julgar à sua altura, fez com que Maria perdesse todas as suas habilidades de adivinhação, e ela percebeu que não sabia mais nada.
Meio sem graça, olhou João nos olhos e levantou levemente os ombros num gesto de desdém.
O rapaz abriu o embrulho tocando também as mãos de Maria, num gesto quase inocente de carinho e afronta.
Do embrulho cairam grãos de areia que se espalhavam entre os desdos de Maria e caíam ao chão, e o jovem falou: "São como você: muito pequenos e diferentes, podem aparecer pelo chão da cidade sem que ninguém dê importância, ou podem sumir de modo que ninguém os veja, e dar sustenção ao mar." A esse momento, os olhos de Maria já eram o próprio mar de João.

domingo, 10 de maio de 2009

Correndo Parada.

Parada era uma menina como qualquer outra. Adolescente, espinhas, amores platônicos, essas coisas de todas da sua idade... Mas ela carregava um peso: seu nome.
Parada não tomava atitudes para absolutamente nada.
Não demonstrava nada, não agilizava nada, não fazia nada que não fosse ficar assim... parada.
Perdeu amores, perdeu dinheiro, perdeu oportunidades de emprego, mas não perdeu a sua característica mais inerente.

Pelo menos até o dia em que não achou mais quem a locomovesse. Foi o fim. Parada sentiu fome, sentiu frio, setiu vontade de telefonar, de chorar, de gritar, mas não saía do lugar.
E foi aí que ela PERCEBEU que vivia PARADA.
Tentou sair do lugar, mas não sabia ao certo que musculos mexer para andar. Tentou se lembrar de todos os músculos que já tinha usado: lembrou da língua, lembrou das mãos, e sabia que deveria mexer as pernas, mas ela não sabia que comandos dar. Suas pernas só sabiam sentar e levantar.

Foi então que passou um menino, ele se chamava Correndo. E ele andava, corria, pulava, tudo com uma desenvoltura que deu até raiva em Parada.
Foi aí que ela teve uma idéia. Chamou Correndo e ele veio até ela. Pediu a ele que a segurasse pela mão para que corressem juntos (tudo isso sem dizer a Correndo que não sabia sair do lugar).

"Mas que ideia maluca" Correndo pensou, mas aceitou, afinal não parecia nada demais.
"Um, dois, três e já!" Corredo disparou segurando a mão de Parada, que desesperou-se por não saber se controlar.
"Solta o freio!!!" Correndo gritava o tempo todo sem parar de correr nenhum instante.
Parada fechou os olhos e começou a rezar e, antes que percebesse, estava correndo junto com Correndo.
E co-correram os dois, e Correndo já não sabia parar. Parada não queria parar e foram. Até não haver mais joelho, até não haver mais carreira, até não haver mais parada.
Até Parada morrer e Correndo parar.
Parada morreu de alegria e Correndo morreu de cansaço, e os dois morreram pra ver que era preciso mais do que se arrastarem pra ficarem juntos.
Um tinha que correr e o outro tinha que frear.
Os dois ao mesmo tempo, os dois em seu compasso, não sabiam.

Quero sal...

Ponha sal nesses dias insossos.
Ponha tempero, cheiro, mais gosto. Se prive do medo do que seria. Pare de agir com tudo perfeitamente calculado. Aja e apenas isso... Faça pelo menos um pouco do que te der vontade, sem " e se".
Se permita estar comigo como eu sei e você também sabe que quer.
Se permita dizer com palavras mais sérias o que você já declara entre brincadeiras.

E faça tudo isso logo, antes que alguém o faça.
Melhor morrer de pressão alta pelo sal dos dias, do que de desgosto, pela falta de gosto.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Prólogo de ontem

Ele chegou mais cedo aqui em casa hoje... A gente tinha combinado só às 20:30, não tinha dado nem oito e ele já tava aqui.
Achei então que poderia fazer um carinho a mais, mas não sem antes terminar de me arrumar direito.
Fiz tudo bem rápido: sombra, lápis, perfume, perfeito.
Eu não sei quanto tempo faz que eu espero por esse momento. Pronto, tô pronta. Ele, alto, todo lindo, sentado no sofá, folheando qualquer revista, naquele movimento consultório, pra ver se o tempo passa logo.
Cheguei na sala com meu jeito desengonçado, e a gente se viu... - Nossa, você conseguiu ficar ainda mais bonita... - adoro elogios vindos dele... eles saem de dentro dos olhos, de modo que ele podia ficar mudo ali, eu saberia o que ele queria dizer.
Conversamos sobre a ordem do dia, a ordem das coisas, a ordem da vida. Tomamos sorvete, demos gargalhadas e tivemos certeza de que, pelo menos naquele momento, não queríamos estar em nenhum lugar onde não estivéssemos juntos.
Voltamos pra casa, chovia tanto... Era de emoção que o céu chorava aquela noite.
O toque das mãos era a mais sinestésica experiência que eu já havia experimentado, sentia o cheiro da pele, o gosto, a cor, tudo apenas pelas mãos, e era apenas naquelas mãos também, que ele desejava se perder.
A música ambiente era algo no estilo Jorge Ben ou Wander Lee, nem agitado, nem devagar. E a gente dançou juntinho, cedendo ao pedido que vinha de dentro do peito dos dois para que nos uníssemos.
A noite já ia longa com aquele cheiro de sem-fim... Vontade nenhuma de se despedir, com um frio na barriga de "e se continuar?". Lembrei da vontade de não dormir com saudade, pensando, mandando mensagem... E nos despedimos ali, entre as mãos que se procuravam e os olhos que sempre se achavam, ansiosos pelo que poderia ter sido.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Números, árvores e chão.

De números são feitas as coisas...
"Quanto dinheiro? Quantas páginas? Quantas horas? Quantas você pegou ontem?" Responder a vida em número pode parecer fútil a princípio, mas é exatamente assim que tenho visto a vida ser medida. Quantas eu deixarei de ficar se escolher essa? O que eu ganho por essa companhia? Pensamentos que foram considerados supérfluos, principalmente depois dessa era de super-romantização de tudo.
Fui vítima da super-romantização, mas consigo racionalizar quase tudo nessa vida. Até o amor quando chegou até mim foi racionalizado.
E vocês? Acham bonito se esconder por trás de uma mascarazinha romântica quando na verdade não dão conta de nada disso? Acham bonito serem os engraçadinhos da vez, plantando uma semente em cada coração por onde quer que passem? Pois eu digo que não façam isso. Pois dentro de cada coração no qual plantamos sementes podem nascer grandes arvores, daquelas que quebram o chão no centro da cidade...
Grandes árvores quebrando um coração por dentro são responsabilidade, sim, daquele que a plantou... como já disseram "tu te tornas eternamente responsável por aquele que cativas".
Penso nisso hoje , mais do que nunca, porque vi que meu saquinho de sementes estava furado no caminho, e saí plantando sementes onde eu menos esperava...
Mas querendo ou sem querer, me tornei responsável, e como não pretendo levar minha vida em números de corações despedaçados, carrego agora comigo além das sementes, um rolinho de esparadrapo e sabedoria, para remendar e curar, na hora certa, aqueles nos quais o maldito saquinho furado plantou árvores quebradoras de chão.




Música: The Truth - India Arie

terça-feira, 5 de maio de 2009

Desde que peça com carinho...

Ouvi isso e foi engraçado
"Tem que pedir com carinho"
Mas que conselho desalmado
Eu aqui no meu cantinho
Tendo que pedir com carinho
o carinho que por ti guardo!?



Primeiro post com alvo.


Música: Canto de Ossanha

"Te adorando pelo avesso...

... Só pra provar que ainda sou tua..."

Pedindo licença a Chico Buarque para começar a postagem de hoje com uma de suas frases que mais significam pra mim...
A música é "Atrás da Porta" e serviu, por muito tempo, pra ilustrar a sensação que eu tinha ao me esconder atrás de palavras de raiva, dor ou rancor, do homem que me ensinou o que é amar e ser amada.
Ele esteve aqui há uns dias atrás, num misto de saudade e loucura, de um encontro louco e sem despedida... Uma coisa meio maluca que só quem vive entende.
Um amor que não exclui a racionalidade e não se pretende menos romântico por isso... Um amor que não se alimentou de sexo, nem de mentirinhas ao pé do ouvido... Um amor que começou com adolescentes, que crescem de longe, se tornam homem e mulher, mas ainda um amor.

Um amor cheio de intervalos (acho que descobri o segredo do sucesso das novelas *ri*), um amor cheio de outros amores pelo meio... Um amor do tamanho que tem a melhor parte da minha vida...

Um amor de não se despedir nunca mais. Amor de casar, de ter filhos, e amor de nunca ter nada disso... amor de sim e de não...

Um amor de uma certeza só: a de ainda continuar amando.







Quero dizer que a sessão romântica está prestes a se encerrar.
*ri*

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Esse feriado foi feriado de música, como são todos os dias da minha vida.
Música boa, música nem tão boa, mas música. Como foram boas as músicas cantadas em conjunto, as músicas cantadas sozinha, e as coisas feitas, que certamente serão inspiração para músicas que ainda não foram compostas.

Hoje, encontro as razões e as pessoas que me fariam e me fizeram compor. E as guardo nos meus papéis novos e antigos... Naqueles que todos guardamos embaixo da cama, numa caixinha escondida, ou simplesmente junto com todos os papéis sem importância para que ninguém desconfie... Mas todos nós guardamos... E é sentimento puro de saudade e orfandade quando compartilhamos nossas inspirações.
É mais simples quando as compartilhamos com gente amiga, mas ainda dói.

E como dói ouvir uma declaração de amor. MEU DEUS DO CÉU. A dor mais profunda é a de se saber amado por alguém e não ter condições de fazer o mesmo. Experimentei isso... E é triste saber que os amores antigos, mesmo sendo velhos, ocupam o lugar que seria dado para os novos amores, e que por isso eles podem não se concretizar.
É como aqueles carros antigos que já nem andam mais, mas animam e agradam a memória de seus colecionadores, permanecendo sempre ali, naquela vaga.

Vou criar o movimento : amplie as vagas dos corações, e vou me inscrever pra umas cinco. (aham, até parece que tem tanto candidato (sem drama)) .

Mas é sério. Ampliem as vagas dos seus corações e sejam mais felizes! Amore novo não precisa ocupar o lugar do amor antigo. Ele só precisa de uma vaga nova.


Beijo amarelo depois de um texto ruim.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Inquietação

Fui parar ali, meio perto, distante
Escrevendo coisas com mil letras
Muita vogal, pouca consoante
Palavra de dor, que em ti eu me perca!

Deixando sair a minha parte histérica
Com receios, loucuras e dores
Eu vi renascer minha veia poética...
Meio torta, e mais cheia de horrores
Muita vida, muito abraço, pouca rima
Achando poesia na vida, escrevi tudo normal
[nada de baixo pra cima

Com saudade de amanhã, querendo tudo perto
Continuo acompanhada e só
Fazendo oásis em teus desertos
Não quero mais teus versos pobres
E tua vida com pouco ardor
Preciso antes que recobres
A memória do que é a dor

É lindo teu ar, teu beijo de criança
Mas a profundidade da minha ânsia
Velho ou novo, você não alcança.







Desabafo mal rimado do dia de hoje.

domingo, 26 de abril de 2009

Sobre o sono...

Quanto ao sono, resolvi que não o quero mais. Pelo menos não mais esse sono solitário.
Quero alguém que me tire o sono. Que não me deixe mais dormir a noite toda sossegada... Quero uma noite em claro, mas cheia de suspiros de amor. Primeiro suspiros solitários, depois suspiros de paixão correspondida. Mas qualquer paixão não me serve, essas tem aos montes, penduradas nas ruas como carnes no açougue ( e também como essas, vêm cheias de moscas e fedor). Eu quero uma paixão que cheire a pele, que cheire a alma saindo pelos poros, com gosto de coração batendo e falta de ar.
Não precisa ser uma paixão com amor... Esse pacote amor combo express sai tão caro, na maioria das vezes... Quero uma paixãozinha comédia romântica, com contrato prolongável por várias noites companheiras e pés se esquentando.
Paixão com dedicatória na contra-capa, música tema, e choro nos filmes água com açúcar. Quero uma paixão autorizada. Paixões proibidas precisam de um espírito menos marcado que o meu.
Quero alguém que diga : "Eu deixo você se apaixonar por mim." "eu preciso me sentir apaixonável".

Quero um vidrinho de companhias apaixonantes e um liquid paper.

"Me perdi no seu sorriso..."

O poder das frases de canções é incrível. Elas têm a capacidade de sintetizar milhares de sentimentos universais, o que nos faz achá-las geniais, quando , na maioria, são simples generalizações. Mas, sendo assim ou não, essa frase do título resume bem o que eu sinto algumas vezes...
Já sentiu vontade de sumir no meio de um sorriso? Eu sinto sempre. Os sorrisos são, pra mim, a porta de entrada mais bela que se pode ter na vida das pessoas.
Quer um exemplo banal? Lá vai: O menino tá na balada e vê uma menina que ele que beijar, o que fazer? Faça ela sorrir. Pode ser com cantadas bregas, coisas singelinhas e bonitas. Se ela sorrir, grandes chances.
É claro que tem gente que sorri à toa. Mas mesmo nessas pessoas, podemos perceber o sorriso diferencial... O sorriso de "vamos parar por aqui, pra você nao entrar mais na minha vida.", o sorriso que vem acompanhado de mãos nervosas, um coloca aqui, tira ali... um quase-carinho disfarçado de quase-nada...
Me perdi no seu sorriso (aquele mesmo do seu Jorge), mas nem queria me perder... Quando eu vi, fui.
A vida é um eterno se perder... Se perder na vida do outro, se perder dentro da gente, se perder apenas por diversão... Ou se perder seriamente, daquele jeito que o norte some...
Se perder é grave, lindo e necessário.

Vamos nos perder?







Vamos nos achar?

quinta-feira, 23 de abril de 2009

A corrente

Ela tinha uma corrente, daquelas que prendem pelo pé. Ele não tinha corrente nenhuma, mas isso era recente, ele soltou-se das correntes há pouco.
Ela fingia não ver as marcas no pé dele, afim de que ele não perguntasse sobre a sua amarra. Os dois saíram, conversaram, assuntos não faltavam. E eles seguiam, ambos meio mancos pelo meio da cidade. Ao longo do caminho, suas pernas foram se sentindo cada vez mais livres e,a corrente, cada vez mais fraca, foi largando-se em ferrugem, até que o elo se rompeu.
Ele, com as marcas dos pés ainda doloridas, ficou pelo caminho, pois nada conseguia ver à frente que não lembrasse suas dores. E ela se foi.
Leve e sem feridas, percebeu que, acostumada com o peso das correntes, agora fazia a mesma força para andar como se carregasse ainda o peso de antes, e por isso corria. Corria demais. Encontrou pelo caminho um menino com correntes na mão. Mas ele não estava preso por elas, apenas as segurava, procurando alguém que estivesse disposto a ser preso por elas e caminhar lentamente com ele ao longo de sua estrada. Ela viu, conversou com ele e quando menos percebeu, estava presa. Contra a vontade, mas presa.
E se compadeceu tanto da dor da solidão do rapaz, que não conseguiu pedir que a soltasse.
E presa seguiu. Andando pelos buracos e desvios daquela estrada que era só dele, onde só havia espaço para um, mas ainda assim não disse.
Tropeçaram, se embolaram, ele a atropelou no meio de sua inquietaçao. E ela foi aniquilada, morta. Mas ele precisava tanto de uma companhia, qualquer que fosse, que nem percebeu. E seguiu, arrastando sua companhia passiva e morta, até q a carne cedeu, e ela ficou, passiva e com marcas num caminho que não era dela.






Sei que ficou pesado e estranho, mas é pra dizer que preciso vivera minha vida, com o meu peso, com os es buracos pelo caminho. O meu caminho.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Um pouco de amizade

Um pouco de amizade não faz mal a ninguém.
Eu, particularmente, gosto muito de me sentir útil na vida dos amigos, e mais ainda quando eles também demonstram esse tipo de preocupação comigo, o que, no caso, não tem acontecido com muita frequência, mas tem acontecido o suficiente pra saber que as pessoas estão por aqui.
Ser amigo é algo fundamental... Nada melhor que a parceria, saber que tem alguém sempre lá, e ter vontade de sempre "estar lá" pra alguém.
Mas, como tudo na vida, há de se respeitar esses limites da amizade. E o meu limite chegou. Soa estranho pra careamba falar isso, já que romanticamente, amizade seria uma viagem sem limites, mas eu sou limitada e achei o limite da amizade. Não sou capaz de trair minhas convicções em nome de uma amizade de via única, onde eu sou a amiga e o fulano é o peso. Eu me amarro em te ver sorrir, ser útil natua vida e tudo o mais, mas eu^é que tô precisando agora. Eu que quero fazer manha, eu que quero ligação tentando me animar, eu que quero filme sem motivo, cantar, fazer música, tocar violão, batucar qualquer coisa.
Eu que quero, e cadê?

segunda-feira, 16 de março de 2009

Shhh!

Chegando no mais belo lugar e de repente me diz :"Silêncio, doçura!". Calada sempre estive, mas não me chame de doçura. E caso a doçura não seja eu, não a mande calar. Deixe a doçura falar, deixe-a gritar por dentro e por fora de tudo. Falta-me a doçura das fêmeas. Mas tenho outras valias que por ti esperam, mas não as mande calar.

Nesse tão belo lugar, e de difícil alcance, guardei o melhor de mim. Ninguém nunca veio aqui, sabia? "Hum". Sei que não importa, mas nunca trouxe ninguém aqui. "Hum". Deveria importar, pois por dentro e por fora de cada lugar, coloquei um pedacinho de mim. Cabelos, lágrimas, sorrisos, palavrões. O melhor e o pior espalhados pra você juntar. Me monte como quiser: Um pouco de beleza, carinho e dedicação? Junte a isso as lágrimas, MEU CABELO, e um ou outro cd. Não? Hmmm... Tire o cabelo, então... Mas já não serei mais eu. "Silêncio, doçura!" Ai, mas quanta coisa... Quero te ofertar tanto e toda hora um "cala boca"?

"Silêncio, doçura... Não seja mais tão suave. Que me matar? Pois mate. Mas não será mais você. Sumirão as lágrimas, os sorrisos e os palavrões. É que por dentro e por fora de cada lugar, coloquei um pedacinho de mim em você."

Calei a boca, doçura.

Sobre a hora certa.

A certeza das horas está cada vez mais rara e distante, bem como qualquer outro tipo de certeza. Mas não é um lamento não, mesmo que soe assim. É uma constatação, ainda feliz ou grata, pela possibilidade de assim poder perceber.

Saudade da infância:
"Terezinha de Jesus
Numa queda foi ao chão
Acodiram três cavalheiros
Todos três chapéu na mão

O primeiro foi seu pai
O segundo, seu irmão
O terceiro foi aquele
Que a Tereza deu a mão"

Coisa linda.

domingo, 15 de março de 2009

Preciso de alguém que atenda o telefone quando eu quiser dizer que estou com saudades...
Preciso de alguém que ligue interurbano, mas não quero outro amor interurbano... Quero só um carinho sem fronteiras. Onde tem?

sábado, 14 de março de 2009

Tudo novo, de novo.

Aquela mesma onda da música... "Tudo novo de novo, vamos mergulhar onde já caímos..." É muito bom poder repetir escolhas.
Quando podemos dizer que queremos tudo aquilo que já foi considerado erro, agora é opção. Ontem foi queda, hoje é mergulho.
E a vida tem sido uma série de mergulhos... E o mais tenso deles, um mergulho dentro de mim. Nada mais belo e mais assustador do que se conhecer por dentro.
É como subir nas cachoeiras mais altas e ficar olhando pra baixo... dá medo, mas dá vontade de pular, e eu pulei. Meio querendo, meio sem querer... É tudo diferente. Saber-me eu me deu uma consciência nova de mim, do meu corpo, da vida.
Entender que não nos encerramos em nós mesmos... Que as atitudes reverberam em outros, que eu sou um outro.
Que o chão faz parte de mim. Que eu sou o meu corpo, minha alma, minha mente, mas não só isso...

Música: Sinnerman - Nina Simone.