domingo, 10 de maio de 2009

Correndo Parada.

Parada era uma menina como qualquer outra. Adolescente, espinhas, amores platônicos, essas coisas de todas da sua idade... Mas ela carregava um peso: seu nome.
Parada não tomava atitudes para absolutamente nada.
Não demonstrava nada, não agilizava nada, não fazia nada que não fosse ficar assim... parada.
Perdeu amores, perdeu dinheiro, perdeu oportunidades de emprego, mas não perdeu a sua característica mais inerente.

Pelo menos até o dia em que não achou mais quem a locomovesse. Foi o fim. Parada sentiu fome, sentiu frio, setiu vontade de telefonar, de chorar, de gritar, mas não saía do lugar.
E foi aí que ela PERCEBEU que vivia PARADA.
Tentou sair do lugar, mas não sabia ao certo que musculos mexer para andar. Tentou se lembrar de todos os músculos que já tinha usado: lembrou da língua, lembrou das mãos, e sabia que deveria mexer as pernas, mas ela não sabia que comandos dar. Suas pernas só sabiam sentar e levantar.

Foi então que passou um menino, ele se chamava Correndo. E ele andava, corria, pulava, tudo com uma desenvoltura que deu até raiva em Parada.
Foi aí que ela teve uma idéia. Chamou Correndo e ele veio até ela. Pediu a ele que a segurasse pela mão para que corressem juntos (tudo isso sem dizer a Correndo que não sabia sair do lugar).

"Mas que ideia maluca" Correndo pensou, mas aceitou, afinal não parecia nada demais.
"Um, dois, três e já!" Corredo disparou segurando a mão de Parada, que desesperou-se por não saber se controlar.
"Solta o freio!!!" Correndo gritava o tempo todo sem parar de correr nenhum instante.
Parada fechou os olhos e começou a rezar e, antes que percebesse, estava correndo junto com Correndo.
E co-correram os dois, e Correndo já não sabia parar. Parada não queria parar e foram. Até não haver mais joelho, até não haver mais carreira, até não haver mais parada.
Até Parada morrer e Correndo parar.
Parada morreu de alegria e Correndo morreu de cansaço, e os dois morreram pra ver que era preciso mais do que se arrastarem pra ficarem juntos.
Um tinha que correr e o outro tinha que frear.
Os dois ao mesmo tempo, os dois em seu compasso, não sabiam.

Quero sal...

Ponha sal nesses dias insossos.
Ponha tempero, cheiro, mais gosto. Se prive do medo do que seria. Pare de agir com tudo perfeitamente calculado. Aja e apenas isso... Faça pelo menos um pouco do que te der vontade, sem " e se".
Se permita estar comigo como eu sei e você também sabe que quer.
Se permita dizer com palavras mais sérias o que você já declara entre brincadeiras.

E faça tudo isso logo, antes que alguém o faça.
Melhor morrer de pressão alta pelo sal dos dias, do que de desgosto, pela falta de gosto.