quinta-feira, 7 de maio de 2009

Prólogo de ontem

Ele chegou mais cedo aqui em casa hoje... A gente tinha combinado só às 20:30, não tinha dado nem oito e ele já tava aqui.
Achei então que poderia fazer um carinho a mais, mas não sem antes terminar de me arrumar direito.
Fiz tudo bem rápido: sombra, lápis, perfume, perfeito.
Eu não sei quanto tempo faz que eu espero por esse momento. Pronto, tô pronta. Ele, alto, todo lindo, sentado no sofá, folheando qualquer revista, naquele movimento consultório, pra ver se o tempo passa logo.
Cheguei na sala com meu jeito desengonçado, e a gente se viu... - Nossa, você conseguiu ficar ainda mais bonita... - adoro elogios vindos dele... eles saem de dentro dos olhos, de modo que ele podia ficar mudo ali, eu saberia o que ele queria dizer.
Conversamos sobre a ordem do dia, a ordem das coisas, a ordem da vida. Tomamos sorvete, demos gargalhadas e tivemos certeza de que, pelo menos naquele momento, não queríamos estar em nenhum lugar onde não estivéssemos juntos.
Voltamos pra casa, chovia tanto... Era de emoção que o céu chorava aquela noite.
O toque das mãos era a mais sinestésica experiência que eu já havia experimentado, sentia o cheiro da pele, o gosto, a cor, tudo apenas pelas mãos, e era apenas naquelas mãos também, que ele desejava se perder.
A música ambiente era algo no estilo Jorge Ben ou Wander Lee, nem agitado, nem devagar. E a gente dançou juntinho, cedendo ao pedido que vinha de dentro do peito dos dois para que nos uníssemos.
A noite já ia longa com aquele cheiro de sem-fim... Vontade nenhuma de se despedir, com um frio na barriga de "e se continuar?". Lembrei da vontade de não dormir com saudade, pensando, mandando mensagem... E nos despedimos ali, entre as mãos que se procuravam e os olhos que sempre se achavam, ansiosos pelo que poderia ter sido.