quarta-feira, 13 de maio de 2009

Mar nos olhos.

"This time we'll take it slow"... Coisa linda de John Legend... quem quiser pode até ouvir aqui na minha playlist...
Sermos pessoas ordinárias, naquele sentindo primeiro de ordinário: dentro da ordem, comuns, normais. Como é difícil! Reconhecer que é hora de ir devagar, calma nos passos, calma na mente, calma nas pessoas... Reconhecer que não sabemos que caminho tomar.
Face às dificuldades que sempre se apresentam, a melhor saída me parece ser nos reconhecermos na falta de detalhes que nos tornem pessoas muito melhores que as outras... Diante disso...



Maria sabia de tudo. Ela sempre sabia o que esperar das pessoas, das coisas da meteorologia, de tudo. Os dias da semana passavam sem graça, as aulas eram todas aquém da inteligência dela, os homens eram muito iguais e as mulheres também.
Maria não tinha nada de normal.
Talvez pelo seu ar arrogante e superior, muitos homens se sentissem atraídos por ela, mas ela não se atraía por nenhum. No máximo um romance antigo da infância, mas esses não contavam já que eram da época em que ela ainda não sabia de tudo.

Um dia, o menino mais apagadinho da escola, João, presenteou Maria com um embrulho pequeno e disse a ela: "Duvido que você conheça esse presente que eu tô te dando."
A menina ficou quase irritada com a ousadia do rapaz em discordar do poder dela de saber de todas as coisas. A ousadia do rapaz foi tanta, que ele ainda esperou, com um sorrisinho no rosto, para ver quais seriam os palpites da moça.

O simples fato de uma pessoa tão apagada se julgar à sua altura, fez com que Maria perdesse todas as suas habilidades de adivinhação, e ela percebeu que não sabia mais nada.
Meio sem graça, olhou João nos olhos e levantou levemente os ombros num gesto de desdém.
O rapaz abriu o embrulho tocando também as mãos de Maria, num gesto quase inocente de carinho e afronta.
Do embrulho cairam grãos de areia que se espalhavam entre os desdos de Maria e caíam ao chão, e o jovem falou: "São como você: muito pequenos e diferentes, podem aparecer pelo chão da cidade sem que ninguém dê importância, ou podem sumir de modo que ninguém os veja, e dar sustenção ao mar." A esse momento, os olhos de Maria já eram o próprio mar de João.

5 comentários:

Uila Gabriela disse...

Meu Deus!
Que coisa linda que escreveste crtiatura!
Bjim
:*

Augusto Kneipp disse...

Que coisa mais linda de se ler.
isso sim.


(L)

Duuudes disse...

Penso que é um texto FODA.
E sim, muitas pessoas se perdem por serem tão diferentes. É hora da gente abrir o olho e ver essas pequenas pessoas.
:D

Larissa disse...

Lindo. Orgulho de você, Raio :)

Daniel Fumaça disse...

Demorei, mas finalmente consegui passar por aqui. Muito bom seu texto. Ainda acho que você ta conversando comigo. Adorei