sábado, 6 de outubro de 2012

Memória

Em lugar de ser, fui.
De onde não mais podia tirar, dei.
Me embrenhei, desejei, não deu.

Dos caminhos de terra, que conheço um pouco
E dos caminhos das almas, que nada sei
Só revejo, repenso e revivo aquilo que guardei na memória.

Alguma memória.

Memória de ser, de lembrar, de querer
E memória até de esquecer.

De todas as tristezas que carrego - esta, no meu balaio de alegrias -
Saber esquecer, é do que mais me lembro.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Pra dentro

Depois de anos, é sempre bom regressar. Existe regresso maior do que aquele pra dentro de si? Ler palavras ditas, pensadas e escritas por mim mesma e que hoje parecem de uma artista de um tempo distante... Uma desconhecida romântica e visceral que consegue me inspirar, é triste, sublime e maravilhoso. Quantas pessoas conseguem ser inspiração para si próprias? Eu, ainda que uma outra eu, me inspirei, emocionei e me retirei da inércia. Arranquei a carapuça pesada e uniforme. Dei espaço pra centelha de alegria e vida que tinha dado lugar a alguma linha de produção, a algum modelo ser-fazer-conseguir. Hoje regressei a mim e dei adeus à outra eu. Finalmente. Canção de hoje: Etta James - Trust in Me

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

"Cá estou carente...

... Manda novamente algum cheirinho de alecrim"

Descobri que a máxima "tudo passa" é mentira. A verdade mesmo é que tudo volta e algumas coisas não passam, não senhora!
Sonhei, inventei e fingi que aquele amor de antes se tinha ido. E não é que nas vésperas dos quatro anos desse amor feito, ele volta... E volta como se nunca tivesse ido, como voltam todas as coisas das quais sentimos muita falta.

Tentei durante muito tempo entender porque ele me prende por dentro e acho que descobri. É um amor diferente... no meio desse aor vivi tantos outros, Meu Deus! Mas não tive que fingir que não os vivi e acho que por isso ele permanece, mesmo depois que todos os outros se foram...

É um carinho que se pretende primeiro e último. É aquela exceção a todas as regras que tentamos nos impor. É um amor sem mesura, sem cálculo. Mas não é emoção pura também. É amor sem palavra.

É aquela velhinha analfabeta cheia de coisas inéditas pra contar... É o PhD de inteligência sedutora... É o ator de mistério...
Me lembro e fantasio esse sentimento como fazemos com um livro no meio da leitura... Fico refrescando a memória do que acabei de ler e fantasiando o que ainda virá.

Se virá...

Como virá

Como virei...

O que virei?

domingo, 15 de novembro de 2009

A beleza de não caber em si

É tudo mais bonito quando o frio na barriga é constante. É sempre lindo poder guardar a ansiedade do momento a seguir...
Hoje minhas angústias políticas todas voltaram a tomar conta de mim. Um pedaço adormecido de tudo o que eu já fui me esbofeteou a cara e eu reagi. Não sei o que será pra frente, mas sei que não caibo mais em mim.

Extrapolei os limites do meu corpo, minhas mãos não são mais suficientes para o que pretendo realizar. Preciso de outras junto comigo, ou preciso estar junto a outras. Toda a poesia que me enche e sempre me encheu ainda está aqui. Cheia de si, cheia de mim e cheia de outros como nunca esteve.

Se pretende doce sem enjoar. Se faz coerente e dissonante como o que sou. ´Pedaço corpo, pedaço sonho e tudo movimento. Me movimento dormindo, porque não faço tudo o que preciso acordada.

Não caibo em mim.

sábado, 14 de novembro de 2009

Pra quê título?

Um dia, o dia eem que eu resolvesse ser uma menina da minha idade tinha que chegar. Essa semana ele chegou e durou dois dias... Haahahaha. Foi lindo, maravilhoso, tudo de bom ter 19 anos e não pensar em nada. Agora já voltei aos 65 anos habituais.
No meio da correria de redação, estágio, produção de festival, stress - intervalo: beijo na boca, sexo- redação, estágio, produção de festival. EBA! O Festival acabou! Foi um sucesso, foi lindo, mas só preciso de outra dose an que vem. Adorei ver os filmes da galerinha, conhecer gente nova, e poder relaxar depois de cada dia do festival (rs).
Acho que vou criar outro blog.
Pra poder falar das coisas que eu ando fazendo. Esse daqui é muito sentimental, aí eu sempre acho que tô escrevendo no lugar errado.


Bejos, babes.

domingo, 6 de setembro de 2009

A volta das palavras (ou outro nome mais óbvio).

De repente eu decidi não mais escrever. Perceber o quão romântica esse hábito de colocar em palavras todas as coisas me tornava foi angusitante demais. Mas não consegui passar muito tempo sem isso. Não escrever me deixou pensativa demais. Não que as palavras que eu deixasse pelos cantos fossem mesmo um desabafo, (nem minhas elas pareciam) mas eram o reflexo ou o sonho de alguma coisa que tinha algum pedaço de mim.

E não escrever foi me deixando sem pedaços, e sem pedaços não se pode ser inteira. Mas isso eu ainda me pretendia ser. E fui. Nas palavras que escorriam na minha inteirisse não pude encontrar nada. Elas já não às mãos e, em protesto, resolveram não mais virem à boca também. Entendi que quiseram me mostrar como se sentiam por não serem extravazadas e presenteadas por aí, sem nenhum motivo inevitável.

Mas tornaram inevitável meu retorno a elas. Comecei a engasgar com as palavras, mas as engolia toda vez. Dentro da minha barriga, elas me causavam dores que me impediam a respiração. As malditas palavras ausentes de mim, fizeram meu silêncio amargo e sem modos não conseguir se explicar a ninguém. Foi assim, que resolvi, num exercício de bulimia palavrial, vomitá-las todas, para que livres, elas me deixassem ser eu novamente.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Cada palavra dita tinha sido escrita para o juízo final. Foi então que eu resolvi: De nada valeu ter juízo, afinal. Joguei longe os conselhos de pano de chão, foram pelo ralo as mentiras rastejantes. E em meu véu de dama delirante, se abriram buracos de teia meretriz.