segunda-feira, 17 de março de 2008

Vida 20 polegadas.

Por que os pensamentos mudam?

Pensei a respeito disso, não apenas hoje, mas desde um tempo estou me quedando sobre essas reflexões a respeito de mim e do outro.
Lembro bem de pensar em ser feliz pra sempre (não quero começar um drama), não que me soe impossível que isso ocorra, mas já não sei se quero mais.
A sensação de felicidade é uma coisa gostosa, mas como eu disse, é uma sensação. A idéia de ter uma sensação ( pelo que entendo, uma resposta a um estímulo, estado rápido, momentâneo)perpetuada me parece um tanto fora da realidade. É como ficar drogado para sempre, sedado para sempre.

Quando estamos em extremos, muitas coisas nos passam impunes aos olhos. Pessoas novas, cheiros novos, texturas novas, peles novas.
Como os meus momentos de felicidade são, por bem, espaçados entre si. Experimentei hoje uma dessas coisas boas que a não entorpecência da felicidade nos permite ver: a chuva caiu, e ao andar em direção à biblioteca que costumo ir, o cheiro de terra molhada mesclou-se ao cheiro do mato, me dando a nítida sensação de estar sentindo cheiro de erva-doce. Um prazer inexplicável. Melhor do que beber água quando tenho muita sede, mas não tão bom ao ponto de ser melhor que um abraço.
Lá, enternecida, em êxtase como uma tola pelo cheiro de erva-doce, fechei os olhos no meio do caminho. Agora já não mais era caminho, posto que se tornara destino. Lá fiquei, ouvindo minha música, roubando do ar aquele cheiro de infância todo pra mim. Até que fui despertada desse momento ébrio, por uma moça que escorregava na lama e, para não cair, me puxou pelo braço, quase fazendo com que eu me aventurasse em sua queda.

Decidi não mais ir à biblioteca, dei meia volta e me sentei embaixo de uma árvore , e retomei a leitura de um
dos livros que me acompanham por esses dias.

PAUSA: Estou desenvolvendo um TOC, que pode explicar o porquê de eu ter desistido de ir à biblioteca naquele momento: toda vez que eu quero fazer alguma coisa(ir à biblioteca) e sou interrompida por qualquer motivo(menina escorrega e me puxa o braço), eu adio e faço mais tarde(meia volta e ler o livro).

Humbert Humbert (H.H.) é um homem que me causa arrepios, sabe? Tenho lido suas confissões e me encantado, embora ele me cause certa repugnância.

Hoje ouvi que somos como televisões...Rumo a um grande cemitério de TV´s. Tô praticando esse exercício de 20 polegadas:

Ouvi múisica sozinha, ouvi música juntinho, quis um abraço específico e ele não veio, abracei quem talvez nem quisesse um abraço... Recebi outros abraços que quis...
Mas o que não vem é sempre mais duro, e ,talvez por isso, melhor de ser lembrado.

Música: You can't lose a broken heart - Billie Holiday.

2 comentários:

Manurês disse...

Gente! Que passei pelos devaneios de Raio em um dia de aula na UnB! Gracinha, gente! Quem te vê não desconfia que seus pensamentos voam longe assim. heueheuheu. beijocas, srta intimista!

Uila Gabriela disse...

Ah o Humbert...não sei como um livro consegue ser tão encantador com uma história tão bizarra :P
Mas ainda me delicio pronunciando Lo-li-ta com a língua estalando atrás dos dentes na última sílaba =)
Percebo que temos dois vícios em comum, ler e abraçar..hihihI
Bjim moça